Para uma empresa do varejo se manter competitiva deve integrar loja física com e-commerce, ou seja, loja virtual. Esse foi um dos principais conselhos do professor e doutor Marc Knoppe, da Universidade de Ingolstadt, Alemanha, contratado pela Fecomércio SC, via Senac, para ser o consultor de empresários que integraram a missão à maior feira de varejo do mundo, a NRF, realizada na última semana, em Nova York. O professor é especialista em varejo mundial e atua como diretor ou conselheiro de diversas multinacionais de varejo da Alemanha e Estados Unidos.

No workshop que ministrou para os catarinenses, cujo grupo foi liderado pelo presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt, Knoppe afirmou também que um outro grande desafio do varejo é a mudança de comportamento do consumidor. Em função dos avanços das tecnologias digitais, especialmente do smartphone, o consumidor está mais exigente e ficou mais complexo trabalhar com marketing, explicou o professor, conforme informações repassadas à coluna pela equipe do Senac.

Estratégia de sucesso

– A principal estratégia para desenvolver e manter um empreendimento de sucesso é a integração do e-commerce com a loja física. Os negócios online e off-line precisam ser iguais: um mesmo preço, um mesmo produto, um mesmo conceito de serviço em todos os canais. Além disso, novos canais como Facebook e Instagram, devem estar sincronizados e integrados. Em outras palavras, os varejistas precisam checar seu modelo de negócio e desenvolver uma estratégia de digitalização baseada em suas competências e aperfeiçoando suas limitações.

E-commerce ou loja física

– A verdade é que não faz sentido separar esses canais. Existe um cliente com um determinado orçamento e esse cliente vai gastá-lo de acordo com sua necessidade pessoal. Os clientes pesquisam online, coletam informações sobre os produtos e depois se dirigem a loja física para comprar. O contrário também acontece. Todos os empresários têm que estar preparados para atender a essas exigências e oferecer ao cliente uma experiência integrada. E-commerce e loja física tem que ser um sistema único e analisados de maneira conjunta. Se o empresário não for capaz de integrar esses canais, estará perdendo dinheiro. O que tem que ficar claro é que e-commerce e loja física não competem, ao contrário, eles se complementam.

Como fidelizar clientes

– Atualmente, para manter e atrair clientes, é importante entende-los. Verificar sua satisfação, identificar suas necessidades, seus desejos, suas aspirações e oferecer um excelente serviço. A empresa moderna deve estar centrada no seu consumidor e o varejista moderno deve olhar seus negócios com a perspectiva do cliente. Não basta coletar dados sobre o cliente, é preciso desenvolver uma estratégia personalizada para interpretar os dados coletados. Isso dará ao empresário uma visão clara sobre o consumidor e ajudará a avaliar as suas exigências. Isso ajudará a oferecer melhores serviços, melhor mix de produtos e dessa forma fidelizar o cliente em todos os pontos de contato.

Exemplo de estratégia

– Eu destacaria a Anthropologie. Sua estratégia de negócios é fantástica. Ao invés de focar na receita, essa marca desenvolveu um conceito de serviço ao consumidor e uma métrica que estabiliza e aumenta as opções do negócio. Comparada com a concorrência, essa empresa tem alto índice de pessoal bem treinado para atender aos clientes. Os lucros e as vendas bem sucedidas são consequências dessa estratégia de negócio. Essa marca entendeu que o varejo depende de colaboradores preparados e motivados.

Sustentabilidade e inovação

– Alguns anos atrás a sustentabilidade e responsabilidade social corporativa eram um modismo de marketing. Agora a situação mudou completamente. Hoje é importante que as empresas sejam sustentáveis, transparentes e inovadoras. Os clientes querem produtos e serviços sustentáveis, informações claras e fidedignas sobre a cadeia produtiva. Em contrapartida, eles estão dispostos a pagar mais por esse tipo de produto. Na Europa, as empresas estão desenvolvendo produtos sustentáveis para atender as exigências do consumidor. Isso ajuda a criar uma conexão entre a marca e os clientes, além de conquistar novos consumidores e com isso aumentar os lucros. Acho que isso não é uma tendência somente na Europa. É algo que está acontecendo no mundo todo. Os empresários que ignorarem essa realidade sofrerão a longo prazo.

Varejo de desconto

– O varejo de desconto é algo que ainda não está presente no Brasil. Esse conceito de desconto foca em um pequeno número de produtos, porém muito bem organizados, e que são de necessidade básica da população. O essencial dessa estratégia está na alta qualidade do produto por um bom preço, grande volume de vendas e foco no consumidor. Esse conceito também já está sendo aplicado na indústria de moda e outros setores. A entrada desse modelo nos Estados Unidos e na Austrália foi muito bem-sucedida. Tenho certeza que essa estratégia de descontos seria muito bem recebida no Brasil, pois ainda não existe concorrência.

FONTE: http://dc.clicrbs.com.br/sc/colunistas/estela-benetti/noticia/2017/01/varejo-deve-integrar-loja-fisica-e-e-commerce-orienta-especialista-alemao-9525434.html

Assim, observando esses pontos, as varejistas podem obter grandes ganhos produtivos e comerciais com um processo de alocação automatizado verdadeiramente eficiente. Esse pode ser o diferencial para o sucesso em um mercado tão competitivo como o varejo.