Trata-se do maior valor para o mês desde 2014, quando o total ficou em US$ 2,2 bilhões. Neste ano, os gastos ficaram 34% acima do registrado em igual mês de 2016, de acordo com o BC
Os gastos de brasileiros em viagem ao exterior ficaram em US$ 1,4 bilhão em maio deste ano, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados nesta terça-feira (27/06), em Brasília.
Esse é o maior valor para o mês desde 2014, quando o total ficou em US$ 2,259 bilhões. Os gastos de maio deste ano ficaram 34% acima do registrado em igual mês de 2016 (US$ 1,1 bilhão).
De janeiro a maio de 2017 as despesas no exterior ficaram em US$ 7,2 bilhões contra US$ 5,1 bilhões registrados em igual período de 2016.
As receitas de estrangeiros no Brasil somaram US$ 419 milhões em maio, e US$ 2,682 bilhões nos cinco meses do ano contra US$ 434 milhões e US$ 2,754 bilhões registrados, respectivamente, em iguais períodos do ano passado.
Com os resultados das despesas e receitas, o saldo da conta de viagens internacionais fechou os cinco meses do ano com déficit de US$ 4,613 bilhões. A projeção do BC para o resultado negativo dessa conta este ano foi mantida em US$ 12,5 bilhões.
EFEITO IOF
“A principal razão do crescimento do déficit é que no período comparativo, entre 2017 e 2016, tinha o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] sobre compra de pacotes de viagens”, diz Fernando Rocha, chefe adjunto do Departamento Econômico do BC.
“Esse imposto reduziu a demanda de brasileiros no exterior. O aumento de 91% [no saldo negativo na conta de viagens] não parece ser decorrente da taxa de câmbio ou da renda dos brasileiros”.
Ele acrescentou que esse efeito na comparação não vai se repetir nos próximos meses porque a compra de IOF durou só até maio do ano passado.
CONTAS EXTERNAS
O país registrou, pelo terceiro mês seguido, saldo positivo nas contas externas. Em maio, o superávit em transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo, ficou em US$ 2,884 bilhões, de acordo com o BC.
Trata-se do maior resultado para o mês na série histórica iniciada em 1995. Em maio de 2016, também foi registrado saldo positivo, de US$ 1,1 bilhão.
O resultado de maio também é o melhor desde julho de 2006, quando chegou a US$ 3 bilhões. Nos cinco meses do ano, houve déficit de US$ 616 milhões, resultado bem menor do que o registrado em igual período de 2016 (US$ 5,9 bilhões).
PROJEÇÕES
O resultado positivo nas contas externas é influenciado pelo saldo comercial. Em maio, o superávit comercial chegou a US$ 7,419 bilhões e acumulou US$ 27,9 bilhões, nos cinco meses do ano.
Para o ano, o BC revisou a projeção do superávit comercial de US$ 51 bilhões para US$ 54 bilhões. Esse foi o principal fator que levou à redução na projeção de déficit das transações correntes de US$ 30 bilhões para US$ 24 bilhões.
Em relação a tudo o que o país produz, o Produto Interno Bruto (PIB), o saldo negativo deve corresponder a 1,19%, contra 1,45% previstos em março pelo BC.
A conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros) deve apresentar resultado negativo de US$ 34 bilhões. A estimativa anterior era de $ 36,7 bilhões.
No balanço das transações correntes, a conta de renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) deve apresentar saldo negativo de US$ 46,8 bilhões, contra US$ 47,6 bilhões previstos anteriormente.
A conta de renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) deve registrar saldo positivo de US$ 2,8 bilhões, ante US$ 3,3 bilhões previstos em março.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir esse déficit com investimentos ou empréstimos no exterior.
A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), porque recursos são aplicados no setor produtivo do país.
A projeção do BC é que, este ano, esses recursos sejam mais que suficientes para cobrir o saldo negativo das contas externas porque devem chegar a US$ 75 bilhões, a mesma projeção anterior. Em relação ao PIB, esse valor deve corresponder a 3,71%.
Rocha afirma que, em maio, o IDP de US$ 2,926 bilhões foi o menor para o mês desde 2009, quando ficou em US$ 2,869 bilhões.
Ele explica que isso ocorreu porque não houve investimentos de maior porte em maio. Para junho, o cenário deve se manter, com projeção para o IDP de US$ 2,5 bilhões.
Rocha destaca que os volumes menores em maio e neste mês não levam a mudanças na projeção para os investimentos no ano.
“Não imaginamos que isso seja uma tendência para o segundo semestre. Não implicam uma revisão da projeção do Banco Central”, diz.
Rocha também afirma que, por serem decisões de investimento de longo prazo, a redução dos investimentos não está relacionada à crise política.
“O investimento direto no país trata de compra de empresas ou capitalização. Essas decisões não são tomadas de imediato. Existe um período bastante razoável de negociações. São decisões que miram um cenário de longo prazo. Não parece que essa possa ser a razão [crise política] para isso”.
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