Apesar da queda de 6,4% em junho, na comparação anual, associados do IDV indicam recuperação no faturamento nos três meses subsequentes
O IAV-IDV (Índice Antecedente de Vendas do Instituto para Desenvolvimento do Varejo) de junho fechou com decrescimento real de 6,4%, já descontada a inflação. O resultado negativo é motivado pela continuidade da deterioração dos pilares macroeconômicos que direcionam o consumo, como a queda do nível de emprego e renda, o encarecimento do crédito, o aumento da inflação e a queda do índice de confiança, impactando negativamente os resultados de vendas do varejo pela forte correlação entre eles.
A boa notícia é que este retrato está mudando. Embora ainda negativos, os números mostram recuperação do faturamento nos meses subsequentes: -5,4% em julho, -1,0% em agosto e -0,6% em setembro.
Um exemplo desta recuperação é o setor de semiduráveis, que inclui vestuário, calçados, livrarias e artigos esportivos, que em junho teve queda real de 3,1% na comparação anual, mas a expectativa para os próximos meses são de resultados positivos: 0,1% em julho 1,8% em agosto e 2,8% em setembro.
O setor de bens não duráveis, que responde em sua maior parte pelas vendas de super e hipermercados, foodservice, drogarias e perfumaria, apresentou queda real de 5,7% das vendas realizadas em junho. Apesar de sinalizar queda de 6,5% em julho, projeta crescimento de 0,7% e 1,6% em agosto e setembro, respectivamente. Vale lembrar que o setor de alimentação dentro do lar sofre muito e sente a pressão do aumento da inflação, que cresce acima do índice geral. A cesta de produtos deste setor teve um aumento médio de preços, em junho, de 14,7%, (acumulado dos últimos 12 meses).
O segmento de bens duráveis novamente teve o pior resultado em junho, com queda real de 10% em relação ao mesmo mês do ano anterior, já descontada a inflação. A recuperação da confiança dos consumidores e a retomada do crédito continuam sendo os principais desafios para o segmento. A projeção dos associados para os próximos meses é de um decrescimento real de 5,7% em julho, 4,2% em agosto e 4,5% em setembro.
Os indicadores macroeconômicos que possuem forte correlação com o varejo apontam resultados negativos nos últimos meses, como, por exemplo, a inflação, que está muito acima da meta estabelecida; o nível de desemprego, que alcança patamares iguais aos de 2011; a contínua desaceleração da massa salarial e o encarecimento e a restrição na concessão do crédito.
O índice de confiança, indicador que possui forte correlação com comportamento de consumo, vem atingindo os piores patamares dos últimos anos. A boa notícia é que nos últimos três meses o indicador cresceu, saindo de 64,4 pontos em abril de 2016, o pior nível alcançado desde do início do monitoramento da série, para os atuais 76,7 pontos em julho, atingindo os patamares de fevereiro de 2015.
Sobre o IAV-IDV (Índice Antecedente de Vendas)
Criado em outubro de 2007, o IAV-IDV é um índice que consolida a evolução das vendas efetivamente realizadas pelos associados do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), com o intuito de projetar expectativas para os próximos meses e, assim, servir de base de informação para a tomada de decisão dos executivos do varejo.
Para se chegar aos números apresentados pelo IAV-IDV, as empresas associadas reportam seus próprios resultados e suas expectativas sobre vendas no futuro. Em seguida, estas respostas são ponderadas de acordo com o respectivo porte de cada empresa, para que se alcance indicadores como o volume de vendas e o faturamento nominal. Os dados extraídos pelo indicador têm permitido uma visualização mais ampla do comportamento do mercado para um período futuro de até três meses.